Vigilância Ambiental disponibiliza instruções sobre cuidados com a Raiva
A raiva é uma das zoonoses mais importantes do mundo, com alto impacto na saúde pública e com letalidade de até 100%. A transmissão do vírus ocorre principalmente através da saliva e secreções de animais infectados, sendo que todas as espécies de mamíferos são susceptíveis e responsáveis pela dispersão da doença. Os animais, humanos e meio ambiente estão interligados, e como a raiva envolve uma série de fatores para sua propagação o conceito de Saúde Única precisa ser aplicado.
O ciclo de transmissão da doença é muito complexo e abrange diferentes ciclos, o ciclo urbano tem como principais acometidos os cães e gatos, enquanto no ciclo rural a doença acomete principalmente os animais de produção como bovinos, equinos e outros. O ciclo silvestre é mantido pelos morcegos hematófagos e não hematófagos, destacado também outros animais como cachorros do mato e raposas (canídeos silvestres) e saguis (primatas não-humanos). O risco de transmissão por morcegos é sempre alto, por isso, quando encontrados caídos e/ou durante o dia, a vigilância ambiental deve ser acionada, visto que não há forma de prevenção da doença em animais silvestres.
Existem também outras formas de contaminação que não seja por inoculação do vírus presente na saliva e nas secreções do animal infectado em pele lesionada, como por aerossóis (cavernas povoadas densamente por morcegos infectados, manipulação do vírus em laboratório), zoofilia, transplantes de órgãos contaminados, manipulação de carcaças e/ou ingestão de carnes contaminadas.
Nos cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de 2 a 5 dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e persiste durante toda a evolução da doença (período de transmissibilidade), porém o animal pode portar o vírus sem manifestar sintomas (incubação) 2-14 semanas, a morte do animal acontece, em média, entre 5 e 7 dias após a apresentação dos sintomas. O período de incubação está diretamente relacionado à localização, extensão e profundidade da lesão que teve o contato com a saliva do animal infectado, distância entre o local do ferimento e o cérebro/troncos nervosos e concentração de partículas virais inoculadas, a suscetibilidade da espécie exposta e imunidade do animal agredido.
A ação imediata após a agressão por um animal com potencial de transmissão da raiva, é sempre lavar bem o local da ferida com água e sabão, logo após se direcionar ao local de pronto atendimento. A recomendação é de que caso o animal seja observável, quer dizer, consiga ficar sob supervisão por até 10 dias, optar pela quarentena. Caso o animal não desenvolva nenhum sinal clínico ou mudança de comportamento, não evolua para óbito ou não suma, se exclui a necessidade de aplicação de medidas profiláticas ao agredido. Caso o animal agressor não se encaixe como observável, ou seja, animais domésticos de rua ou que o mesmo tenha fugido do local, ou que tenha evoluído para óbito ou em casos de animais silvestres de qualquer espécie, a conduta é sempre que a pessoa agredida se desloque imediatamente a uma unidade de saúde e relate o que aconteceu para que assim seja identificada a situação do agredido e se inicie um protocolo profilático de pós-exposição.
Uma das principais ações para diminuir a disseminação do vírus é através das Campanhas Nacionais de vacinação de cães e gatos, que iniciaram na década de 70 a partir da implantação do Programa Nacional de Prevenção da Raiva (PNPR). A vacina antirrábica é distribuída de forma gratuita, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e as campanhas de vacinação estão amparadas pela Lei nº 6.259, de 30/10/1975.
A OMS garante que as coberturas vacinais superiores a 70% da população canina estimada é uma ferramenta eficaz para o controle da raiva no ciclo urbano. Com isso, no Brasil, é estipulada uma meta de cobertura vacinal de 80% da população de cães estimada.
IMPORTANTE!: NÃO existe tratamento para animais contaminados!
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Fonte: Vigilância Ambiental | Revisão de texto: ASCOM PMMF